A vida do lavrador
Este dia hoje chegou.
Peço que ninguém ignore;
Se quiser as provas eu dou.
Vida triste sem alegria ,
É a vida do lavrador.
É a classe que mais trabalha
e a que menos tem valor
A vida do lavrador
É uma vida sem alegria;
Vive morto no trabalho;
Não tem noite e não tem dia
Ainda sofrendo desgosto
Com doença na família;
Sem recurso pra tratar
Porque não tem garantia
O lavrador planta e capina
Correndo o suor no rosto,
Quando é o fim do ano,
Ele só colhe é desgosto.
quem colhe é quem vive à toa
De gravata no pescoço.
Se Jesus Cristo não dá um jeito,
O lavrador está morto.
A vida do lavrador
É cheia de desespero;
Quando chega perto do médico
Ele já conhece que é um cavuqueiro
Só olha a língua e o olho
Cobra trinta mil cruzeiros;
Mais vinte vai na farmácia;
É o custo do lombrigueiro.
Quando custa a pagar as contas,
Qualquer um dos lavradores
É todo mundo a dizer
Que eles são mal pagadores.
Os ricos que devem e não pagam,
Todos dizem que atrapalhou.
Acaba que quem tem razão,
É somente o explorador.
Os fazendeiros hoje em dia
Parece não ter coração,
Uma roça de dez anos é na meia,
Ainda com toda imposição;
Se o ano não corre bem
Para vingar a plantação,
Eles ainda saem dizendo
Os atravessadores e os intermediários
Têm seus filhos todos formados,
Tem engenheiro, tem médico,
Tem juiz e advogado,
Não toma chuva nem sol,
Vivem nas cadeiras sentados
Só esperando as colheitas
Para roubar dos coitados.
Por isso ninguém vai para a roça,
É mesmo por este motivo
Que a cidade vive cheia.
Uns roubando, outros estuprando,
Outros tratando da vida alheia.
É por estas e outra razões
Que a cadeia vive cheia.
Eu queria ter o poder,
Ao menos por vinte e quatro horas,
Para fazer da lavoura
O hino mais lindo da história;
Esparramando sacarias
Por meio da lavoura afora,
Para tirar da miséria
Este país cheio de glória.
Adeus minha rocinha velha,
Adeus minha enxadinha dragão,
Você nunca mais terá prazer
De fazer calo na minha mão.
Voou embora para a cidade,
Vou viver de exploração,
Com gravata no pescoço
E uma pasta velha na mão.
Termino pedindo desculpa
Se alguém eu agravei,
Se a verdade for castigo,
Castigado não serei,
Por que tudo que escrevi,
Na vida eu já passei.
Sobre a vida da cidade,
É só aquilo que eu falei.
João dos Santos
João dos Santos
Mesmo depois de tanto tempo,a situação mudou pouco...
ResponderExcluir